Monday, April 2, 2012

Entrevista: Melissa Bonotto

Iniciando uma nova série de posts para você conhecer melhor os colaboradores da ACMB, apresentamos uma entrevista com Melissa Bonotto, que coordena a Associação Cultural Mônica Bonotto, desde seu lançamento, em 03 de junho de 2009. Melissa é gaúcha de Lagoa Vermelha e atualmente mora em Dublin, na Irlanda. De lá, coordena as atividades da ACMB através da Internet. Melissa é formada em Relações Públicas e recentemente concluiu um mestrado em Desenvolvimento Social. Além disso, trabalha como Professora primária na Irlanda.
A gremista de coração conta que mantém as tradições gaúchas na Irlanda: “Levo mate para os parques em Dublin e ando de bombacha.” Melissa adora viajar e explorar novos lugares e suas culturas. Também adora passar tempo com os amigos e, quem a conhece bem sabe, adora dirigir o caminhão do seu pai!


Melissa na Índia, em Janeiro de 2012

Blog ACMB: O que a levou, pessoalmente, a criar a Associação Cultural Mônica Bonotto?
A Mônica era minha irmã mais velha. A sua partida precoce, de forma trágica, deixou muita tristeza. Mas também muitos exemplos de vida. Ela foi uma jovem comum em muitos sentidos, mas por outro lado, especial pela sua maneira de se relacionar comos outros e se disponibilizar pelos outros. Sem medir esforços. Quando meu mano mais novo, o Gustavo, deu a idéia de que deveríamos fundar uma associação para continuar levando a mensagem DE VIDA da Mô para outras crianças, fiquei emocionada e determinada. Quando ela faleceu, apenas com 17 anos, ela tinha um grupo de teatro para apresentar para crianças carentes, cantava no coral da escola, tocava acordeon e coordenava um coral de crianças em um bairro carente do nosso município. Foi este testemunho que nos incentivou a criar uma associação que promove atividades culturais e educacionais extra-curriculares a crianças carentes de nosso município. Somado ao interesse pessoal de preservar o exemplo de vida de alguém que é tão importante pra mim e pra minha família, acredito que educação é um passo essencial para as pessoas terem melhores condições de vida, e luto para que todos tenham acesso. Enfim, voluntariar pra ACMB é, para mim, abraçar uma causa em que acredito fortemente e da qual tenho muito orgulho de fazer parte.

Blog ACMB: De quais atividades você participa na ACMB?
Tenho presidido a ACMB desde o surgimento da idéia e o seu lançamento oficial. A ACMB realiza Caravana de Atividades que acontecem durante semanas específicas, de acordo com a disponibilidade e o interesse dos voluntários. Como a ACMB é uma rede de contatos on-line, todo o planejamento e o contato acontece através da troca de e-mails. Eu mantenho e viabilizo o contato entre os colaboradores voluntários, suas sugestões e idéias e facilito a conexão com as escolas e creches. Antes de cada Caravana de Atividades, por exemplo, trocamos e-mails para decidir a programação, realizamos reuniões no MSN Messenger pra votar em assuntos importantes e definir tarefas e responsabilidades. Um cronograma dos passos a serem tomados é sempre elaborado e controlado. Nosso trabalho também depende muito da recepção das escolas e da interação on-line dos professores. Procuramos sempre fazer uma breve avaliação de cada atividade. Outro ponto da minha participação é distribuir a informação entre os encarregados e para a mídia.

Blog ACMB: Você é voluntária ou colaboradora em outras associações ou projetos? Se sim, em quais?
Sim. Aqui na Irlanda eu sou voluntária do grupo de campanha da Trócaire, uma das ONGs Irlandesas que promove desenvolvimento no terceiro mundo. A Trócaire atua nas linhas de direitos humanos, igualdade de gênero, atividades de subsistência rural e governabilidade em vários países da África, Ásia e América Latina. O setor de campanhas tem como foco reinvindicar direitos e trazer à discussão temas polêmicos e necessários nestes países, promovendo o debate, o estudo e a conscientização destes temas nos países de teceiro mundo, bem como entre os órgãos reguladores mundiais e a população em geral. A Trócaire tem um departamento de educação para o desenvolvimento, o qual trabalha para educar a população irlandesa sobre questões mundias de justiça social. Por exemplo, neste momento, estamos realizando uma campanha de quaresma para reinvidicar os direitos das famílias dependentes da agricultura de subsistência no norte da Uganda, as quais ainda sofrem as consequências dos muitos anos de Guerra civil pelos quais aquele país passou. Uma família foi escolhida para a campanha, então usamos a história da família do Daniel, de 9 anos, para trabalhar vários temas:http://www.blogger.com/img/blank.gif
- Ele caminha uma hora pra chegar na escola;
- Ele é responsável pelo cuidado dos bodes na sua casa e, também, é o responsável por ir buscar a água pra família de bicicleta no poço mais próximo;
- A família dele morou em um campo de refugiados por anos e agora está voltando para as sua área original;
- A Trócaire ajudou a construir as casas e está trabalhando novas formas de cultivo para eles poderem aumentar a produtividade da agricultura de subsistência.
- O Daniel quer ser médico e ajudar a comunidade dele!
Quem quiser saber mais sobre esta campanha ou sobre a Trócaire, pode acessar o site da ONG (em inglês): http://www.trocaire.org/lent

Blog ACMB: Quais são, em sua opinião, os benefícios de ser um colaborador voluntário da ACMB?
No meu ponto de vista o maior benefício de ser colaborador voluntário da ACMB é o fato de poder estar contribuindo (mesmo que seja de uma forma bem pequena) na vida das crianças que mais precisam. Por exemplo, na última caravana quando fizemos doação de livros infantis, encontramos lugares que quase não tinham nenhum! Como educadora, acredito que a criança precisa ter acesso a vários livros, para explorar, descobrir e despertar o gosto pela leitura desde cedo. Também acho que é uma forma de gastarmos um pouco do nosso tempo por uma causa tão nobre em uma sociedade que precisa tanto!

Blog ACMB: Se você fosse convidada a criar um projeto para melhorar a qualidade da educação e o acesso à cultura no Brasil, o que você faria?
O Brasil avançou muito nos últimos anos em relação a promover o acesso à educação a todos. Mas como prioridade, se tivesse a chance de influenciar o sistema de ensino brasileiro, tentaria melhorar a qualidade da educação no Brasil, mexendo em pontos como:
- Aumentaria o salário do professor. O professor tem em suas mãos o poder de promover or regredir as nossas futuras gerações. Eles precisam ser bem pagos e valorizados.
- Promoveria qualificação permanente para os professores. O mundo está mudando muito rápido e o conhecimento precisa ser atualizado.
- Aumentaria e investiria nas bibliotecas impressas e virtuais. Livros e acesso à internet são um ponto fundamental para a aquisição do conhecimento.
- Promoveria cultura em várias expressões dentro e fora das escolas dando a chance para as pessoas conhecerem, explorarem e aprenderem música, literatura, teatro, dança.
- Reformularia o currículo colocando o aluno numa posição crítica de questionador. Onde o aluno é incentivado a pensar, a entender, a questionar, a acrescentar e a interagir, e não apenas a responder um questionário em restritas palavras.
Com este caminho, acredito que educação seria levada a sério em nosso país e, desta forma, seria um instrumento de transformação social.

Blog ACMB: Para encerrar a entrevista, você gostaria de deixar alguma mensagem aos leitores do blog e aos outros colaboradores da ACMB?
Obrigada a todos os colaboradores da ACMB que tornam esta associação única, viável e possível … sem termos uma sala física ou um número telefônico, sem custo administrativo ou de manutenção, em 2 anos, já atingimos em torno de 7000 alunos, 25 escolas e 3 creches municipais. Que a Borboleta dos Sonhos continue transformando vidas.

5 comments:

  1. Sou apaixonado pela ACMB, por tudo o que sentimos quando estamos realizando as caravanas!!!

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  2. Desejo todo sucesso do mundo à ACMB.. !!!
    Votos para que Deus ajude a todo pessoal ligado à ACMB
    e não só, pra todo mundo que esteja empenhado em causas
    nobres tal como esta!
    Imran Makda, Moçambique

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    1. Olá Imran, obrigada pelo depoimento. Isso nos dá força pra continuar! Apenas por curiosidade, da onde vc é em Moçambique. Estive neste país em agosto do ano passado!

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  3. Oi vc nao me conhece, sou de Lagoa filha d Rauber, acho q conhece o professor Paulo e minha irma Silvana, meu marida e amigo do seu pai ele e filho do Boleslau zamecki, seu pai chama ele de Nene e eu a Beatriz.
    Tambem erdi um filho q era uma crianca anjo seis anis com ideias bem diferentes das outras, feliz, partilhava tudu e perguntava sobre coisas q criancas nao fazem.
    Bem agora sabes quem sou, minha neta formanda de Direito tem planos de ir em junho para a Irlanda, ela ja se programou, vai antes num evento nos E Unidos, voltando oarte pra ai, vai estudar ingles num convenio com uma facul dai, depois de um mes tem que arrumar um lugar pra morar, se puderes ajuda la.
    Depois de situada ela com certeza podera ajudar na fundacao, estes principios ela ja os tem de casa.

    Lembro daquele dia triste q tua irma partiu eu estava em Lagoa.
    Miro em Campo Grande ,MS. Minha filha e o marido estao no Sudao, plantando algodao e soja, eles tamvem fazem um belo trabalho plantando feijao pra doacoes.
    Ela ajuda uma casa de criancas, trabalha na embaixada.
    Foi um orazer saber de vc, como estou fora de Lagoa demorei a saber. Escrevi um livro se me mndares endereço posso enviar, e autobiografico. Bjs boa sorte seja muito feliz, nesta linda terra q e a Irlanda.
    Nao sei se sabes q o Jean Endres de lagoa, mora na Dinamarca, casado com um lindo menino.
    Abraço carinhoso, Beatriz Rauber Zamecki

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    1. Oi Beatriz, tudo bem: Que legal poder re-encontrar filhos de Lagoa fazendo o bem neste mundo afora! Posso sim dar muitas dicas sobre à Irlanda. Por favor, peça pra sua neta me mandar um e-mail para ficarmos em contato: melbonotto@hotmail.com Fico no aguardo, tudo de bom e um grande abraço, Melissa

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